Voltámos...

O blogue do Semanário Olé! sempre serviu como complemento do Jornal Olé e nunca em sua substituição. Daí que , para mim, não tinha muita lógica estar a dar noticias ou a dar opiniões sem que o Jornal estivesse nas bancas. Contudo, a pandemia veio mudar muita coisa e já me convenceu a vir aqui escrever de vez em quando e também os colaboradores do Olé! o farão.
Com o Covid 19 não se preveêm o regresso das corridas de toiros tão depressa quanto desejávamos. Até há uns dias pensava que a a famigerada vacina fosse a safa de tudo isto. Mas não... Lendo e relendo tudo o que se publica a nível internacional sobre este virus , dentro da minha parca inteligência cheguei à conclusão que a vacina que possa surgir e ajudar nesta fase não servirá para uma segunda fase do virus que sofrerá mutações e criará as suas próprias defesas à vacina. Assim sendo, os milhões que se estão a gastar na procura de uma vacina deveriam ser canalizados na busca de um medicamento retroviral que tenha eficácia na cura. O virus veio para ficar. Mudará os nossos hábitos e criará em nós um tipo de defesa social até então impensável.
Com isto venho expressar-me de que não acredito que este ano de 2020 tenhamos corridas de toiros. Sem que existam efectivas curas ninguém arrisca. Melhor ainda só com máscara, luvas e o desinfectante de bolso. No caso de se voltarem a abrir as Praças este ano só com as devidas protecções se poderão realizar. São espaços abertos e arejados. Até pode nas praças com maior lotação distribuir melhor os lugares para que não tenhamos vizinhos. Mas será isto uma solução? A Tauromaquia sempre esteve na primeira linha da defesa das instituições mais necessitadas organizando Corridas a favor da Liga de Combatentes, Liga Portuguesa contra o Cancro, a favor das Misericórdias e muitas outras. Sabemos que a maioria das praças pertencem a IPSS que bem necessitam das rendas ora para manterem os edificios dentro dos regulamentos mas também como fonte de receitas. A paragem da Tauromaquia representa uma enorme perda para as actividades artisticas e para a cultura portuguesa. Uma cultura que está directamente ligada a outras actividades económicas como a pecuária através dos toiros e dos cavalos. Esta necessária e imperiosa da Tauromaquia é dramática para os Artistas, para os Ganaderos e para as empresas que são a peça essencial para que a engrenagem funcione. Sem empresários não há trabalho para todos os intervenientes da Festa Brava. Sem empresas que arrisquem muito se fala mas nada se faz. E, na verdade, pouco se tem feito para dar valor àqueles que anualmente arriscam o seu dinheiro a organizar Corridas de Toiros. Com esta paragem os verdadeiros profissionais, os que realmente vivem disto estarão a repensar as suas vidas. Valerá a pena? Não se trata apenas destes meses de paragem mas sim do que aí virá. Será que em Agosto ou Setembro se autorizarem as Corridas o publico adere? Não haverá uma mudança de mentalidades ainda que temporária que trará outras opções? Vejo com apreensão o futuro próximo. A vida continuará . Mas há que acautelar bem o que poderemos fazer. Volto a dizer que sem empresas não funcionam as outras peças essenciais da Tauromaquia. Como sem as empresas de eventos não existem os grandes Festivais de Musica e não cantam os Cantores. Nem trabalham uma série de outras actividades. A Ministra da Cultura é contra as Touradas. Aceita liderar um Ministério do qual discorda. Está tudo dito. A sede de tacho é maior do que a verticalidade de saber dizer não a uma situação que vai contra a sua génese. Por aqui logo se vê de quem se trata. Se assim não fosse já teria tido uma palavra para com esta parte da cultura a que ela preside. Arranja uma iniciativa com 1 milhão de euros para colocar a cantar alguns artistas. Esquece-se dos Pintores, dos Escritores, dos Poetas, dos Actores dos Artistas de Circo e dos Toureiros.  Mas, estranhamente também não vejo ninguém das organizações ligadas à Tauromaquia a dizer nada nem a colocar-se na primeira linha da exigência das ajudas. Será que não precisam? Eu, com o Jornal Olé! parado, sem poder dar corridas e vivendo exclusivamente disto preciso. Tenho colaboradores, tenho responsabilidades e tinha toda uma estratégias delineada para os próximos quatro anos. Um ano está perdido e penso que até Abril ou Maio de 2021 estaremos na mesma. O que fazer? Será o que me trará ao vosso convívio nos próximos dias. Como sabem todos podem participar nesta discussão seja através do nosso email seja pelo Facebook.
Agradeço que se debatam ideias e que possam surgir caminhos. Muitas vezes de onde menos se espera vem a luz que nos faz ter esperança. Não a perdi mas estou demasiado céptico. Para já só peço que não morra mais gente e que haja condições para socorrer quem precisa. Mas há que pensar no após e esse é que não o vejo claro.
Boa Páscoa e fiquem em casa!
Luis Miguel Pombeiro