Campo Pequeno inaugurou a temporada com toiros de apresentação fabulosa

Passados alguns dias e, serenamente sem grandes alardes aqui vou dar a minha opinião que cada vez vale menos a ver pela quantidade de "entendidos" que por aí escrevem crónicas ou criticas que muitas vezes nada têm a ver com o que se passa...O problema principal é que sobre Toureio a Pé há muita coisa escrita e como tal alguns mais eruditos lá vão, por semelhança, ou por palpite acertando numas coisa que vão escrevendo e que até saiem bem. Como sobre Toureio a Cavalo nada se escreve há já alguns anos, socorrem-se de muita coisa com mais de 50 anos e tentam adaptá-las a uma pseudo realidade que não existe. As regras do Toureio a Cavalo serão as mesmas começando por ter que se montar bem a cavalo e ter os cavalos bem arranjados. Depois cada um interpreta e coloca a sua personalidade na arena. E quem escreve sente ou não sente daí que será sempre subjectivo fazer critica. Porque quem critica deve saber o que faz e infelizmente contam-se pelos dedos aqueles que sabem, Aprendizes há muitos e fazem afirmações e vão buscar frases de livros antigos que até nêm têm nada a ver com o assunto... Sabemos que pelas regras terá de haver Cite, Viagem, Quarteio, Reunião com Cravagem e Remate pela direita. A Viagem deve ser entre os dois pitons traçando uma linha imaginária sobre o dorso do toiro, bem no meio. Depois ou se quarteia, ou carregam a sorte ao piton contrário, ou fazem quiebros. O problema é que a grande maioria traça a linha pelo piton direito do toiro, já vêm por fora , com a" porta aberta"e já com a vantagem dada ao cavalo, mostrando-lhe a saída e ganhando uns metros ao toiro. Mas, estar a explicar isto assim sem imagens essa gente não percebe... Como não vem nos livros. Atenção que vi grandes sortes à tira com tanto valor que muitos nem imaginam. Tive a sorte de ver grandes Cavaleiros como Mestre David Ribeiro Telles, Manuel Conde, Mestre Batista, José João Zoio, Luis Miguel da Veiga, Emidio Pinto, Manuel Jorge de Oliveira, Paulo Caetano, Joaquim Bastinhas e falo apenas dos já retirados. Vi-os e tive o privilégio de com eles conviver e perceber um pouco do que faziam, de como viam os toiros e muito mais. Sinto-me priveligiado porque muitas vezes apenas me socorro da minha memória e de alguns escritos que tenho ao longo dos anos. Não sei mais nem menos, mas sei o suficiente e procuro aprender mais e mais, sabendo que não é uma ciência exacta. E por isso afirmo que a maioria não percebe nada do que escreve. Pior, convencem-se que sabem e que são entendidos e que criticam porque sabem. Dizem mal ou bem mas sem saberem justificar. E isso é grave. Não para mim que me estou nas tintas . Mas para os incautos que não sabem também e lêm. Fiam sem perceber o que se passou na arena. Mas não me compete a mim estar a dizer nada. Nem a corrigir nem a dizer porque escreveram bem ou mal. Como muitos dos que lêm não sabem fica tudo em casa. Prefiro aqueles que não sabendo expressam os seus sentimentos.Como o fado que diz "gosto de ti porque gosto mas não me perguntes porquê porque não sei"... Assim tudo fica bem. Por isso admito perfeitamente que se nomeiem triunfadores apenas porque se gostou e porque se "sentiu". Deixando este tema que a ninguém interessa, resta-me apenas dizer que "ao estribo" verdadeiramente ao estribo é raro nos tempos de hoje e hoje dividimo-nos em mais aproximados e menos aproximados do estribo. Mas as regras existem. Só que é preciso saber interpreta-las e aplica-las nas crónicas.
Os toiros estavam muito bem apresentados. De louvar e realçar. Quanto ao comportamento foi dentro do expetável sendo que o segundo da corrida foi demasiado fácil e sem transmitir. Não sabia que tinha cornos ou não sabia para o que serviam. O primeiro de António Telles parecia adiantar-se e mesmo emparelhar-se com o cavalo.Parecia não. Fazia-o! Metia-se e de que maneira. Mas verdadeiramente António nos compridos talvez não ttenha tomado conta dele, porque o toiro não deixava e o risco de colhida era eminente e deixou-o mais "livre" para os curtos o que lhe dificultou a cravagem. Não se pode colocar de frente com este tipo de toiros que cortam o terreno e optou por tourea-lo à maneira antiga de ir entre as tábuas e o toiro diminuindo o risco da colhida ue estava por um fio e  desembaraçando-se do toiro de forma airosa, com arte e mando sem correr mais riscos do que já estava a correr. É que há toiros que não dão mesmo... No seu segundo já tem  ferros curtos bem à sua maneira com um toiro também dificil e a pedir toureiro, com sentido e a ficar-se, tendo António que ir para cima dele e estar em nível elevado. Dois curtos de antologia, daqueles que marcam uma corrida e uma noite como esta. Quem não gostou temos pena. E lembrem-se, que eu não vivo sempre, e relembrem-se que os toiros ao terceiro ou quarto ferro já não rompiam prá frente mas descaíam para a direita cortando terreno...Já não vinham claros e como não eram do nhoc nho há que saber diferenciar e saber como entrar. Muitas vezes não como se quer ou se pensa mas como eles deixam.
Rui Fernandes teve o seu primeiro sem transmissão. Facilão e sem impacto toureou-o bem na sua forma de interpretar o toureio e que fez dele Figura. Há quem goste e quem não goste mas valor sobra-lhe e ninguém o pode negar. No seu segundo, em que a Ganadera deu volta, foi um toiro que transmitiu mais e que acometia de longe se citado com uma viagem limpa e indo bem ao engano tendo um ferro muito bom com uma reunião justíssima e ao estribo mesmo tendo feito a batida ao piton contrário. Chegou ao publico e disse presente num curro que habitualmente não é o seu estilo.
Duarte Pinto teve um primeiro toiro que muito prometeu na saída mas que vinha ao cavalo sem carregar. Aliás todos os toiros pareciam dizer" é para correr atrás então eu corro" mas não vi nenhum a empregar-se verdadeiramente com vontade de colher com a tal bravura que é apanágio dos verdadeiros bravos. Pela frente começavam bem e a partir do terceiro ou quarto ferro faltavam nas reuniões. Frenavam. Não queriam "mecha". Já sabiam ao que vinham e se não se empregavam por trás também pela frente vinham a menos. A mim sempre me ensinaram que bravos são so que durante a lide crescem, aqueles que ferro após ferro querem mais e vêm sempre para cima e quando já não podem até esticam o pescoço para ver se colhem. Quantos fizeram isto? No computo geral cumpriram e destaco os dois ultimos que sem serem bravos (tal como entendo eu, que fique claro) ajudaram a que o curro mereça repetição na próxima temporada. Mas ía falar do Duarte Pinto , Cavaleiro que acompanho há 12 anos e que como sabem normalmente não escrevo sobre as suas actuações e apenas o fiz uma vez. Hoje vou escrever. Tentando ser o mais imparcial possível embora considere que é dificil... O seu primeiro toiro era uma estampa. Para mim claro. Saiu bem e veio a mais com o primeiro comprido que foi colocado de forma a provar mas dentro das regras . Reagiu bem e o segundo já foi com Cite e Viagem rectas mas não ficou no toiro. Optou o Duarte por trocar de cavalo e vir no Visconde um dos seus cavalos de confiança que andou muito bem. Citou, viagem recta e logo no primeiro ferro faltou toiro que perdeu as mãos e o cavaleiro colocou-o já com o toiro a cair não resultando. Não foi justa a reunião. E nessa altura senti que o toiro não reunia bem. Aliás claudicava a trote...ou não viram? E o Duarte pisou-lhe os terrenos e foi das vezes que vi o Visconde melhor. Desenhou as sortes bem. Tem dois ferros muito bons. Não teve musica. Não percebi. Mas não fez falta. Não foi a falta de musica que lhe tirou o mérito. Não sendo uma actuação redonda foi a possível. Li não sei aonde que tinha sido desastrosa. Só quem não entende nada e quem não respeita minimamente os Toureiros pode escrever uma coisa dessas. É que em primeiro lugar nunca se diz isso de um profissional do Toureio seja ele qual for. Desastre? Desastre é cair alguém e magoar-se... Eu seria incapaz de dizer que um Toureiro esteve desastroso... É falta de respeito. É um termo agressivo e que demonstra falta de "savoir faire," por quem enfrenta toiros numa arena, seja a cavalo ou a pé. Mesmo que fosse o que sentisse, guardaria para mim. Ou discutiria com o visado, como  fiz várias vezes da longo da minha vida. Porque não correu bem? Porque o cavalo não quis, porque não estava nos meus dias, porque o toiro não permitia. Sim porque não se lidam Silvas como se lidam outros encastes mais fáceis e mais imberbes. Com estes não se pode falhar. Tal como António não falhou com o dificil primeiro. Se não vais assim vais assado. E lidam-se umas vezes melhor outras vezes como se pode. Mas nunca se aplica o termo desastroso. Porque além de ser mentira não é termo que se aplique. Mas pelo menos que se aprenda isso..
No seu segundo tem dois compridos verdadeiramente importantes e como mandam as regras. Houve quem não visse. Problemas deles. Não sabem o que perderam. E um curto grande. E o toiro acobardou-se. Começou a frenar e a vir a menos ao quarto. Já não reunia com clareza.Já não era o toiro que transmitia tinha de ser o Cavaleiro a pôr .( Percebem? Não? Um dia explico.) Já não queria levar o ferro. Tal como o segundo do António. Mas isso não interessa. O que interessa é que os gostaram aplaudiram. E não foram poucos...E Duarte esteve bem. Terminou com outro ferro importante. Tal como os seus alternantes. Estiveram à altura dos toiros. Lidaram, colocaram os toiros em sorte e foram para cima deles. Umas vezes a deixarem-nos vir quando vinham e outras a tomarem a iniciativa. Mas estiveram à maedida do que tiveram pela frente.
Os Forcados foram verdadeiros triunfadores épicos: Montemor continua a ser um Grupo de eleição, uma Escola de Forcados fabulosa. Muito bem em todas as Pegas e se a de Borges foi de enorme nível todas as outras também. Vila Franca em fase de renovação provou também que é um Grupo para os grandes desafios. Muito bem com Pegas emotivas e eficazes. Dificeis com toda a certeza pois ver aqueles toiros a virem direito ao Grupo impressiona. Não destaco nenhum em especial. O Faria também mostrou o que vale. Mas todos os outros também. Com maior ou menos dificuldade pegaram-nos no que é a verdade da Pega. Um exemplo para todos os Forcados e para todos os Grupos. Foram heróis.
Da direcção de Corrida as boas vindas à primeira mulher que vai mandar maioritariamente de homens na arena. Para mim esteve bem pois não discuto os critérios da atribuição da musica. Se o publico pede deve dar-se sempre que pede. Ali só se faz de fiel da balança. Porque se há critérios então digam quais. Não tenho conhecimento dos mesmos. Se for pelo bom senso todos mereciam musica. Se não se dá musica porque há alguma falha então só tocaria três vezes para os três alternantes, uma para cada um.Ou talvez ao Rui tocasse nos dois pois ele não tem culpa do seu segundo não transmitir. Ou não será assim?
E por aqui me fico. Não vale a pena dizer mais. Já cheguei a um ponto da minha vida que me começo a marimbar para tudo isto. Quem vier atrás que feche a porta. Na vertente empresarial dei a primeira corrida em 1989. Faço este ano trinta anos de várias guerras em praças que encheram pelo trabalho e dedicação e por ter nelas Toureiros que marcavam a diferença. De Cavaleiro cagado foi em 1981. Curta e despachada carreira. De escriba também já lá vão uns anos valentes. Não tenho de provar nada a ninguém. Tenho é de ter tempo para a Família que tem sido a grande prejudicada destes anos de Tauromaquia. Mas todos os anos digo que paro mas o vicio não sai. Pior que o tabaco. Não sou o dono da verdade. Já errei muitas vezes e hoje até concordo com muitos de quem discordava. Não tenho entre-olhos e não sou apologista da imutabilidade. Mas abobino a injustiça, abomino a saloice, abomino a estupidez e mais ainda a ignorância. Saber, mais do que um direito deve ser uma obrigação. E, quando não se sabe, primeiro aprende-se, depois duvida-se e volta-se a rever a matéria e só depois se fazem afirmações. Fartinho, fartinho...

PS- Escrito sem esses acordos de merda e se calhar com erros pois já nem paciência tenho para estar a reler o que escrevo...